domingo, 9 de novembro de 2008

OURO PRETO, novembro 2008



Steven Le Vourc'h



Paulo Carvalho


Ouro Preto esteve em festa com as letras nesta última semana.
O IV Fórum das Letras reuniu na cidade dezenas de escritores,
jornalistas e poetas. Organização impecável, tanto na recepção
quanto nas mesas redondas realizadas no Centro de Convenções.
Assiti a algumas mesas pela internet e outras, no sábado,
ao vivo. Excetuando a mesa de abertura, com Lobão e Nelson Mota,
dois de língua afiada, e solta, as mesas foram amenas e
comportadas, sem muita originalidade. A filósofa Márcia Tiburi
me pareceu um cabeça interessante.
Não assisti Rubem Alves e Elisa Lucinda, certamente os convidados
mais populares do evento, mas os comentários foram ótimos.
Já na mesa de encerramento a coisa ficou interessante quando
Nelson Saúte "acusou" Jorge Melícias e Luís Serguilha de
"hermetismo". Melícias rebateu mas isso só reforçou o rótulo dado
pelo poeta moçambicano. Sempre houve esse embate entre poesia
lírica, muitas vezes rotulada de fácil, que apresenta a vida cotidiana
e tenta estabelecer uma interlocução emocional com o leitor,
e a poesia não-lírica, rotulada de difícil, que quer ser só a linguagem
ou o conceito, e eventualmente exige mais do leitor, mesmo que
às vezes ofereça pouco. Contudo silêncio e palavra não se
dissociam em Poesia. Silêncio para ler a palavra, silêncio para ouvir
a palavra. Palavra para ouvir o silêncio e construir a linguagem.
Palavra e silêncio, luz e sombra, branco e preto, masculino e
feminino, paixão e indiferença, emoção e razão, corpo e alma,
verbo e verve, enigma e revelação.
Eis a medida, inexata, da poesia.


Abaixo algumas frases colhidas na mesa redonda de
encerramento do Fórum das Letras:


“Qual a medida entre a palavra e o silêncio na poesia?”
Chacal, Jorge Melícias (Portugal), Luís Serguilha (Portugal),
Nelson Saúte (Moçambique), Nicolas Behr.
Mediação Sérgio Fantini

"Bater perna, pisar pedra em Ouro Preto" Chacal

"O silêncio é o ruído da poesia.
Poesia é um instrumento de felicidade."
N. Behr

"A POESIA É O RUMOR DO MUNDO, ESSE BARULHO
TODO DO MUNDO. O SILÊNCIO É A
IMPOSSIBILIDADE DA POESIA". NELSON SAÚTE

Jorge Melícias: "Toda a poesia tende para o silêncio,
há mais de um nível de linguagem, ela é sedimentada."

Luís Serguilha: "O silêncio transforma a palavra poética.
O poema é feito de energia e não de sentimento."


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